Hoje, antes mesmo de irmos assistir determinados filmes, já somos bombardeados com milhares de informações, imagens, teasers, que podem tanto nos deixar mais curiosos para apreciar a película quanto chegar a aborrecer. A atual versão de “Alice no País das Maravilhas” ficou entre essa dicotomia para mim, especialmente chegando a me enjoar do filme antes mesmo de ir conferir nos cinemas.
Mas pior que esse excesso de publicidade em torno de um filme, é a capacidade que muitos hoje tem de formar uma determinada visão fechada em torno da história dele. Ou seja, antes mesmo de me sentar em uma cadeira em frente ao telão, a partir da parte promocional, com o qual já tive contato com a película, já formei todo um encaminhamento da história, do que ela trará, do que tratará e até mesmo qual deve ser o provável final do filme. Pior ainda se já é baseado em produto conhecido.
Foi assim com a maioria das resenhas que pude entrar em contato assim que “Alice no País das Maravilhas” estreiou sexta-feira passada. Ok, normal você formar determinadas espectativas diante de um produto que você já é familiarizado, mas a sensação que tive de muitos textos é de que já tinham todo o seu próprio roteiro na cabeça e ficou frustado com o filme por não atender esse planejamento pessoal.
Antes de tudo, a Alice de Tim Burton é uma visão própria do diretor para a história clássica de Lewis Carroll. A narrativa que conhecemos popularmente é no filme uma série de pesadelos para uma Alice de 19 anos, que perdeu o pai e está sendo forçada a se casar. Nessa situação, ela acaba voltando para o mundo das maravilhas que pensava habitar somente seus sonhos, local este que passa por uma crise por conta do poder autoritário da Rainha Vermelha (Helena Bonham-Carter), que usurpou de sua irmã Rainha Branca (Anne Hathaway). Os fantásticos habitantes, como o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp), acreditam que a Alice que os visitou tempos atrás possa resolver esse problema por ser capaz de destruir o terrível monstro que a Rainha Vermelha usa para amendontrar a população. A jovem garota que surge seria a mesma garotinha curiosa que passou por ali um dia? Essa Alice vai aceitar a tarefa de heroína?
A história de Tim Burton ganha caminhos bem diferentes dos livros originais, mais para um filme de aventura do que para a narrativa fantástica e surrealista de Lewis Carroll. A essência dos personagens e o mundo excêntrico e colorido está muito parecido com o original, mas com uma visão distinta na forma de conduzir os acontecimentos e bem simples. E o 3D não fez tem tanto destaque assim no meu ponto de vista, com exceção de poucas cenas, a exemplo da queda de Alice para o País das Maravilhas. De resto, foi muito pouco aproveitado, podendo ter assistido em 2D tranquilamente sem sentir muitas diferenças.
Não foi a melhor adaptação de Alice que pude conferir, e, entre as produções Disney, continuo preferindo a animação, mesmo trazendo uma interessante perspectiva desse mundo maravilhoso de Lewis Carroll. Mudou o cinema? Claro que não. Será um dos melhores filmes do ano? Acredito que não, nem de longe será o pior. Pode não ser a adaptação que ficará para a história, mas para mim já valeu pelo belissímo espetáculo visual do País das Maravilhas. Digno de Tim Burton.
(Na verdade, as resenhas revoltadas ao extremo sobre o filme me incomodaram mais do que a própria película)
PS: O site Último Segundo trouxe uma retrospectiva bem legal das diversas adaptações do clássico de Lewis Carroll. Podem conferir clicando aqui.