domingo, junho 13, 2010

True Blood


Tem séries que acabo tendo má impressão de início por causa de releases e opiniões mal construídas sobre a história das mesmas. O seriado True Blood foi uma delas. Algumas foram sinceras, de pessoas que leram os livros, em que a série de TV foi baseada, e ficaram frustadas com as diferenças entre os dois formatos. Outros, que somente assistiram ao programa, destacaram o excesso de erotismo, com direito a comentários de que alguns episódios eram praticamente um pornô.

“Pronto, depois de criarem um vampiro celibatário com a série Crepúsculo, é a vez de vampiros viciados em sexo”, foi minha conclusão a partir da maioria dos textos opinativos que tive contato. E com tantas séries vampirescas pululando ultimamente, fiquei com um pé atrás. Mas resolvi comprovar essas impressões e fui assistir True Blood.

Ok, a alusão ao sexo e cenas picantes estavam presentes sim, mas típico de uma série adulta. Elas não estão de graça e fazem parte de um contexto. (E dá pra notar que a adaptação da HBO procurou atrair um público masculino, que podia não acompanhar uma série baseada em livros de uma autora, por uma suposição de que seria “mulherzinha”, talvez)

Mas acima disso, vi uma das melhores construções do mito vampírico atual. Nada de delicadeza e dramas adolescentes para seres seculares. Temos aqui um ser sedutor e sedento por sangue, porém tendo que se adaptar ao mundo humano. Na série, os vampiros convivem (ou tentam) pacificamente com os humanos, graças a possibilidade de se fabricar sangue de maneira industrial. Claro que as confusões entre as duas espécies permanecem, mas ganham também ares políticos. Alguns vampiros querem viver em paz, enquanto há pessoas que buscam combate-los, agora que se mostraram ao mundo. Na primeira temporada, essas discussões ficam em segundo plano, presentes mais através do embate entre uma representante vampírica e um humano. (Inclusive, eram uma das cenas que mais gostava)

Nesse começo, somos apresentados aos personagens principais, pincelando pouco os mistérios que envolvem os vampiros, como se tornaram evidentes ao mundo e outros prováveis seres místicos que existem, mas de desconhecimento geral. A trama acontece em Bon Temps, uma cidade pacata fictícia em Louisiana, Estados Unidos, onde há o bar/restaurante Merlotte's, local onde a maioria das pessoas se reunem. Sookie Stackhouse (Anna Paquin) é uma das garçonetes do local, que enfrenta o desconforto de ser telepata, só não sendo capaz de ler mentes vampíricas, não sendo a toa o porquê de se sentir mais livres perto deles do que com os humanos. E assim, ela se apaixona pelo primeiro vampiro que surge nas redondezas, Bill Compton (Stephen Moyer). Na mesma época, começa a surgir estranhos assassinatos de mulheres na região. Além de desconfiarem de Bill, o irmão de Sookie, Jason (Ryan Kwanten) se torna um dos principais suspeitos, por ter tido relações com todas as que faleceram.

Tenho muitos elogios para essa temporada, um dos melhores inícios de séries que já pude acompanhar. Como disse, esse começo é mais uma apresentação geral dos personagens, com foco no mistério dos assassinatos, dando pouco destaque aos embates vampiro versus humano, mas trazendo as regras do mundo vampírico e apresentando outros seres noturnos, como Eric, muito bem interpretado pelo ator suiço Alexander Skargard. Outros grandes atores são Nelsan Ellis, que faz um ótimo trabalho sendo o cozinheiro Lafayette, um dos personagens mais interessantes entre os humanos (além de trabalhar no Merlotte's, ele é traficante, prostituto, e gay). A prima dele, Tara Thornton tem ótimos momentos graças a atriz Rutina Wesley (apesar de ter uns momentos bem chatos e pedantes, de ficar chamando atenção por ser negra e mulher de modo bem planfetário).

Há outros personagens secundários que também brilham na série e compensa a péssima protagonista, insuportavelmente chata e irritante. Se não fosse o ótimo elenco que o seriado possui e a trama bem construída, não seria possível aturar a série com a má interpretação de Anna Paquin. (E nesse ponto entendo a reclamação de alguns fãs do livro, onde a personagem parece estar longe de ser uma mosca morta como a versão televisiva)

Nem na segunda temporada a personagem melhora, conseguindo ser ainda mais chata. Inclusive acho essa parte da série mais fraca do que o início. Alguns personagens parecem se perder, como o próprio Bill, mas traz algumas questões bem interessantes. Uma delas é o fanastismo religioso contemporâneo, ilustrado através da seita do Sol, grupo que pretende combater os vampiros, que facilmente pode ganhar comparações com igrejas atuais, e apresentado de forma bem irônica e crítica, ilustrado através do anel de honestidade, os artistas gospel e o limite que a intolerância pode levar. Com certeza, a questão que mais gostei dessa temporada.

Há também a presença de outro ser místico, que está atacando Bon Temps e o desaparecimento do vampiro Godric, criador de Eric, que pode estar relacionado com o seita do Sol. E para os puritanos, as cenas de sexo diminuem nessa segunda temporada, assim como os leves embates políticos que eram televisionados na começo da série.

E hoje teremos já a terceira temporada. Torço para que continue nesse ritmo, desvendando esse mundo sem precisar de momentos pressão, como está meio comum no mundo dos seriados atualmente.  


PS: Os posters para essa terceira temporada, assim como os videos promo, estão muito bons. Para quem quiser conferir todos eles: http://www.seriadosnopc.com/2010/06/ultimo-poster-da-terceira-temporada-de.html

PS2: Aqui um retrospecto de tudo para essa terceira temporada: http://www.fangtasiabrasil.com/2009/06/atualize-se-para-3-temporada.html Muito bom! (Com spoilers, ok?)